top of page

Sobre

Vivemos em uma era marcada por intensas transformações sociais, onde as rupturas se tornaram uma constante em diversos aspectos da vida cotidiana. Estas mudanças, muitas vezes aceleradas pela globalização, avanços tecnológicos, crises econômicas e climáticas e, em especial, pelas sequelas deixadas pela pandemia da Covid-19, têm tido impactos profundos nas estruturas sociais, gerando novas dinâmicas e desafios. O Século XXI chegou marcado pela retomada de guerras, de um fortalecimento do conservadorismo e de posições políticas extremistas, de exacerbação das desigualdades e de exclusões sociais em várias partes do mundo, desafiando o futuro da humanidade e nosso projeto societário.

Nesse contexto, o sofrimento humano emerge como uma expressão palpável dessas rupturas, uma vez que tem acirrado os confrontos dos sujeitos com a incerteza, a desigualdade e a volatilidade, ao experimentar uma gama de emoções que vão desde a ansiedade até a desesperança, com desestabilizações no projeto de ser das pessoas.

Contudo, é nesse cenário complexo que observamos também manifestações de engajamento e resistência. Movimentos sociais, ações comunitárias, políticas públicas surgem como resposta, clamando por justiça, igualdade e mudanças significativas nos paradigmas vigentes. O engajamento, nesse contexto, representa não apenas uma resposta ao sofrimento, mas também uma afirmação da capacidade humana de resistir e transformar. É a expressão de uma esperança ativa, que busca construir novos caminhos e possibilidades.

A filosofia existencialista de Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e outros intelectuais fenomenológicos e antipsiquiátricos, pode ser considerada como fundamento para refletir sobre estas dimensões críticas da contemporaneidade e como base teórica e metodológica para construir alternativas de suporte para intervenções nas consequências destas situações contemporâneas e mediação para os movimentos de engajamento e resistência.

O potencial teórico, metodológico e crítico das ideias do existencialismo é inquestionável e, notadamente nos últimos anos no Brasil, tem sido objeto de estudos crescentes, teses, artigos, livros e debates, nos mais diversos campos e áreas do conhecimento, em função da atualidade de suas reflexões e da renovação das formas de pensar os diversos e complexos processos de subjetivação e modos de sociabilidade que sua filosofia estimula.

Acreditamos na relevância de propiciar espaços de encontro entre estudiosos/as da obra existencialista e interessados/as, a fim de suscitar reflexões, projetos e subsídios para análise e enfrentamento das situações desafiadoras que se apresentam na contemporaneidade, sendo o contexto dos eventos acadêmicos propício para tal. Os Colóquios Internacionais sobre Sartre, que ocorrem desde 2018, tem se configurado como espaços inestimáveis para este fim. De caráter interdisciplinar, estes tem contado com a participação de estudantes, pesquisadoras/es, professoras/es e profissionais de diversos campos do conhecimento. Os Colóquios também representam, assim, um importante espaço de comunicação científica, contribuindo para o avanço do conhecimento, com a formação acadêmica em nível de graduação e pós-graduação e com a atualização da atuação profissional.

 

A efetivação da quarta edição do Colóquio Internacional sobre Sartre, a ser realizada em novembro deste ano, tratará da temática Situações contemporâneas: rupturas sociais, sofrimento e engajamento. O Evento será sediado na Universidade Federal de Santa Catarina, coordenado por docentes do Departamento de Psicologia desta Universidade e organizado por um coletivo de profissionais vinculados a diferentes instituições de ensino superior brasileiras, interessados/as em refletir sobre as práticas inspiradas pelo diálogo com o pensamento de Jean-Paul Sartre.

Breve histórico
 

O Colóquio Internacional sobre Sartre é evento acadêmico que visa o fortalecimento de redes de estudo e pesquisa no existencialismo, que teve como ponto de partida o Colóquio Sartre – 110 Anos – Sartre e a contemporaneidade, realizado em 26 de junho de 2015, por professoras do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Contou com um público em média de 120 participantes e uma característica mais regional, com participantes advindos principalmente de Santa Catarina.

A próxima edição do Colóquio ganhou um espectro territorial mais amplo e um caráter internacional, tendo ocorrido entre 04 a 06 de setembro de 2018, também na UFSC. Envolveu cerca de 200 pesquisadoras/es, professoras/es e estudantes de várias universidades brasileiras que se fizeram presentes nas mesas redondas, conferências e sessões regionais, bem como convidadas/os internacionais, especialistas na obra de Sartre, de Portugal, França, Bélgica e de alguns países latino-americanos, inaugurando a nova série de eventos, definido como I Colóquio Internacional sobre Sartre, com o tema “O existencialismo como fundamento crítico para tempos de crise social".

O II Colóquio Internacional sobre Sartre, com o tema “Interseccionalidades na compreensão do sujeito contemporâneo”, ocorreu no ano seguinte, organizado por professoras do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), com a colaboração do GT de Filosofia Francesa Contemporânea da ANPOF (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia). O evento ocorreu em 30 de setembro, 01 e 02 de outubro de 2019, envolvendo 334 pessoas, entre acadêmicas/os, docentes e pesquisadoras/es de diversas Instituições do Brasil, Portugal e Colômbia.

O III Colóquio Internacional sobre Sartre, cujo tema foi “Virtualidade, pandemia e suas repercussões ético-políticas” ocorreu entre os dias 19 a 21 de outubro de 2022, na PUC-Rio, Gávea, Rio de Janeiro, um dos primeiros eventos científicos presenciais pós-pandemia, por isso, com menor publico geral, tendo 180 participantes de várias partes do Brasil e da Rede Latino Americana de Estudiosos em Sartre. Foi organizado por professoras/es do Departamento de Filosofia da PUC do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.

Dado este histórico dos eventos anteriores e a potente rede de pesquisadores/as em Sartre no Brasil, na América Latina e em várias partes do mundo, este IV Colóquio Internacional sobre Sartre, prevê um público aproximado de 250 pessoas e traz a promessa de trocas profícuas de conhecimentos e práticas profissionais com base no Existencialismo e construção de subsídios para o enfrentamento dos desafios impostos pelas situações contemporâneas e das rupturas sociais, sofrimentos delas decorrentes, assim como do necessário engajamento nas lutas pela qualificação das possibilidades de ser para todas as pessoas.

bottom of page